Entevista: chute feminino

Taíse Silva Galvão é Subdiretora Técnica da Federação Baiana de Futebol. Em campo!

Donas da Bola -  Como você avalia o futebol feminino na Bahia?

Taíse Galvão - O futebol feminino na Bahia tem crescido anualmente de forma gradativa, atingindo importantes municípios na Bahia. A Federação Bahiana de Futebol (FBF) é uma das poucas federações no País que promove competições desta categoria. Na Bahia o campeonato é realizado religiosamente com a participação média de 10 clubes desde1998.

D.d.B - Qual a intermediação que a FBF faz com os times baianos?

T.G - A FBF organiza e promove o Campeonato Baiano de Futebol Feminino há 12 anos. Desde 2001, a entidade começou a isentar os custos para os clubes (taxas de inscrição do clube, inscrição de atletas, arbitragens, formulários, bolas para treinos, materiais esportivos, etc.), objetivando a valorização da categoria, bem como dar mais espaço às mulheres, uma vez que são poucas as oportunidades de participar de competições com esse nível de visibilidade.

D.d.B – Temos estrelas importantes nesse segmento esportivo? Poderia destacar?

T.G - Sim. Na década de 80, foram reveladas algumas estrelas como: Maria Helena e Tânia (Bahiano de Tênis), Flor de Liz (Catuense) e Sisleide Lima do Amor (Sissi), atleta do Flamengo de Feira, de apenas 15 anos de idade. Sissi atuou em diversas competições, destacam-se três Copas do Mundo (1991, 1995, 1999) e duas Olimpíadas (1996 e 2000) pela Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Conquistou ainda a Chuteira de Ouro da Copa de 1999, nos EUA, como Artilheira, e a Bola de Prata.
Na década de 90, com a hegemonia do Clube Recreativo Campomar, que conquistou diversos títulos regionais, comandado pela técnica Dilma Maria Mendes, que ajudou a revelar grandes talentos para a seleção brasileira. Das jogadoras que disputaram as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, algumas atletas haviam sido comandadas por Dilma, na Bahia, a exemplo de Nenê, Taffarel, Sissi, Tânia, Didi e Kátia. Destas, firmaram carreira internacional a soteropolitana Miraildes Mota (Formiga), que atua numa equipe dos Estados Unidos, Elaine Estrela, de Salvador, e Cristiane de Vitória da Conquista, que atualmente atuam em clubes da Suécia.
O São Francisco do Conde é o clube que mantém a hegemonia no Campeonato Baiano da categoria. Desde sua fundação, em 2001, é comandado pelo técnico Mário Filgueiras. Seu desempenho à frente da equipe resultou na conquista de nove títulos estaduais e o terceiro lugar na Copa do Brasil em 2007 e 2009. Além de revelar grandes talentos, que constantemente são convocados pela CBF para aturem nas diversas categorias pela Seleção Brasileira.
O clube emprestou para a Seleção de Guiné Equatorial as atletas Cisne, Miriam, Jumária, Ninha e Drika, que conquistaram o título de campeã da Copa das Nações Africanas em 2008. Continua cedendo jogadoras reveladas no Campeonato Baiano para a Seleção Brasileira, a exemplo de Daniela e Carol, que são constantemente convocadas para a Seleção Sub-17, e Alana Larissa, Aline, Ester, Fafá, Rafaelle Leone e Taiana Almeida, convocadas para a Seleção Sub-20.

D.d.B - Existe problema quando o assunto é patrocínio?

T.G - Sim. A FBF, através de sua Assessoria de Marketing, vem sempre buscando parcerias com empresas que possam estar patrocinando esta importante competição. Apesar de a FBF organizar o Campeonato Baiano e a CBF a Copa do Brasil, nos outros meses do ano, não há atividades para as atletas, o que dificulta a captação de patrocínio e a manutenção dos times. Existe o apoio de algumas prefeituras, como a de São Francisco do Conde, mas no geral ainda é pequeno em relação a outros estados.

D.d.B - Existe algum tipo de parceria com o Estado para fomentar a modalidade?

T.G - Existe um diálogo entre a FBF e a Superintendência dos Desportos da Bahia  (SUDESB) no intuito de desenvolver a fomentação desta competição em todo o Estado.

Foto: Ascom/FBF